Será que tirar boas notas na escola contam para nos tornarmos adultos de sucesso?
É importante referir que é sempre melhor tirar boas notas do que negativas e que um aluno que consegue alcançar resultados de excelência deverá ser sempre elogiado e incentivado para prosseguir os estudos e para que consiga alcançar os seus objectivos e sonhos.
E os outos? Aqueles que tentam mas não conseguem tirar boas notas, existem também os que simplesmente não querem, ou que não se identificam com a escola, ou que têm outros objectivos, o que fazer com esses?
Em primeiro lugar, convém dizer que não somos todos iguais, que temos necessidades diferentes, gostos diferentes e objectivos diferentes, sendo assim nem todos os alunos têm que continuar os estudos na faculdade.
Será pior aprender ofícios aos 17 anos e começar a trabalhar aos 18?
Será pior aprender ofícios aos 17 anos e começar a trabalhar aos 18, seguindo uma profissão que não requer estudos superiores, ou completar um curso na faculdade.
Investir tempo e dinheiro e depois devido às dificuldades no mercado de trabalho, acabar a desempenhar funções que nada tem a ver com a formação académica, provocando frustação na idade adulta pois as expectativas criadas foram longe de ser alcançadas, por vezes expectativas criadas por todos menos pelas crianças.
Este contexto serve para nos alertar relativamente às prespectivas que colocamos na carreira dos nossos filhos.
Muitas das vezes os pais transportam para os filhos os seus sonhos e as suas vontades, infelizmente no desporto verificamos este facto vezes de mais, com consequências trágicas quase sempre para a criança.
Deveremos então menosprezar os maus resultados escolares?
Claro que não, devemos sempre incentivar os nossos filhos a esforçarem-se, a darem o melhor de si tanto na busca de objetivos escolares, como extraescolares.
Este factor é decisivo pois para uma criança é muito importante sentir o apoio dos pais, para que a sua confiança possa sair reforçada. Atenção o apoio dos pais não deverá substituir a criança nas tarefas que são da sua responsabilidade.
Crianças autónomas
Deveremos sempre promover a autonomia das crianças, por muito que nos custe, elas precisam dessa autonomia para se tornarem adultos confiantes nas suas capacidades e decisões.
Voltando aos resultados escolares, importa referir que por vezes, dar um passo a trás será importante para se poder tomar consciência do que realmente se pretende.
Posso dar o meu exemplo, a determinada altura da minha vida, com 17-18 anos decidi começar a trabalhar, na altura estava a terminar o ensino secundário à noite.
Posso afirmar que foi o trabalho mais importante que tive na vida, numa fábrica de baterias de automóveis onde desempenhava uma função que qualquer robot poderia desempenhar, pois era completamente repetitiva e esgotante a nível físico e mental.
O facto de ter tido a experiència de trabalhar num local que não gostava e onde existiam pessoas que trabalhavam naquele local há várias dezenas de anos, e que não tiveram a mesma oportunidade que tive.
Fez-me ver que a escola seria a melhor maneira de poder ter uma vida melhor e assim aconteceu, felizmente com o apoio dos meus pais.
Esta abordagem mais pessoal mostra que nem todos os contextos são prejudiciais, no meu caso verifiquei que a escola é sempre a primeira forma de se conseguir alcançar objetivos e sonhos.
Verifico frequentemente que crianças em idade escolar que praticam modalidades desportivas de que gostam muito, são penalizadas quando os resultados escolares não são os esperados.
Penalizar as crianças
Muitos pais optam pela proibição da frequência dos treinos da modalidade praticada. Penso que este é um erro tremendo, pois estamos a prejudicar a criança duplamente, no momento presente e também no momento futuro, isto porque os hábitos desportivos tornam-nos adultos mais saudáveis e mais atentos a hábitos de vida saudáveis….
Ao penalizamos uma criança através da proibição da prática da atividade física, que mensagem lhe estamos a enviar? Será que o tempo que essa mesma criança passa ao computador ou nos ecrãs não poderá ser reuzido em vez de se reduzir o tempo de prática desportiva?
Para nós, na APDF, a escola é sempre importante, mas temos consciência de que não é tudo, o tempo passado em família, a brincar, a praticar desporto, a aprender na natureza, a poder criar, explorar, cair, levantar também é tempo de aprendizagem.
Deveremos estar atentos ao desempenho escolar das nossas crianças, deveremos acompanhar as suas tarefas, mas deveremos também promover a sua autonomia, proporcionar tempo para brincar, relativizar sempre em função da felicidade da criança.
Pois uma criança feliz hoje, terá com toda a certeza mais probabilidade de ser um adulto feliz e bem sucedido no futuro.
